quinta-feira, 13 de julho de 2017

Integração muda sábado no terminal de Cavaleiro, em Jaboatão

13/07/17 - Folha PE

Só poderá realizar a transição sem pagar nova tarifa quem tiver o VEM Estudante, Trabalhador, Comum ou Livre Acesso

com informações de Luiz Filipe Freire

Integração muda sábado no terminal de Cavaleiro, em Jaboatão
Integração muda sábado no terminal de Cavaleiro, em Jaboatão
Foto: Felipe Ribeiro/ Arquivo Folha

A partir deste sábado (15), o Terminal Integrado (TI) de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, vai passar por uma mudança na operação que deve afetar, pelo menos, 4,5 mil pessoas por dia, segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte. A alteração será sentida na hora em que os usuários forem fazer a integração do ônibus para o metrô ou vice-versa, pois só poderá realizar essa transição sem pagar uma nova tarifa quem tiver o VEM Comum, Estudante, Trabalhador ou Livre Acesso.

Quem usa dinheiro e não adquirir o cartão terá que pagar duas vezes (na primeira e na segunda conduções). Esse processo, conhecido como integração temporal, será testado e pode ser estendido a outros terminais, se der certo, de acordo com o consórcio.

O TI Cavaleiro conta com seis linhas de ônibus integradas a ele. Atualmente, uma pessoa que embarca na linha 245-Dois Carneiros/TI Cavaleiro, por exemplo, usa o VEM ao passar pela catraca do ônibus e integra na estação de metrô sem precisar de mais nada. A partir de sábado, porém, será necessário utilizar o VEM uma segunda vez, assim que o usuário descer do coletivo e passar pela catraca do metrô.

É bom ressaltar que não será debitada uma nova passagem. A medida deve, inclusive, combater a evasão de receita, já que é comum ver passageiros entrando de graça nos ônibus ou nos trens a partir do terminal devido a dificuldades na fiscalização. 

Na volta para casa é que os passageiros devem sentir mais mudanças. Quem embarcar pela bilheteria de qualquer estação do metrô usará o VEM pela primeira vez ao passar pela catraca, como já acontece hoje. Quando chegar ao TI Cavaleiro para fazer a integração, contudo, terá que embarcar nos ônibus pela porta dianteira, e não mais pela traseira ou pela central. Com isso, terá que usar o VEM pela segunda vez, agora dentro do coletivo. 

Outro cenário diz respeito a quem tem que usar três conduções, na ordem ônibus-metrô-ônibus. Para não ter uma nova tarifa descontada ao chegar a Cavaleiro, esse passageiro não pode ter iniciado a viagem em qualquer ônibus, mas somente em uma das 15 linhas que farão integração temporal com as linhas do TI Cavaleiro.

Exemplo: alguém que trabalha no Shopping RioMar, Zona Sul do Recife, e mora em Quitandinha, Jaboatão. Essa pessoa pode embarcar num coletivo da linha 021-TI Joana Bezerra/RioMar, onde utilizará o VEM pela primeira vez no validador. Em seguida, desembarcar no TI Joana Bezerra, integrar com o metrô na Estação Joana Bezerra até a Estação Cavaleiro e, então, usar o VEM pela segunda vez dentro do ônibus da linha 255-Quitandinha/TI Cavaleiro. 

Segundo o Grande Recife, a escolha das linhas envolvidas na nova operação foi feita com base em informações sobre os deslocamentos dos usuários do TI Cavaleiro. "É um terminal com demanda menor e que nos possibilita esse teste. Estamos avaliando as possibilidades que a tecnologia nos dá para ampliar a integração temporal, que já envolve 266 linhas do sistema", afirma o diretor de Planejamento do Grande Recife, Alfredo Bandeira.

O órgão está avisando os usuários sobre as mudanças em informativos afixados nos coletivos. Mil cartões VEM Comum serão distribuídos pelos cobradores das linhas afetadas. Além deles, 20 bilhetes eletrônicos serão repassados gratuitamente nas comunidades da região de Cavaleiro.



quarta-feira, 5 de julho de 2017

Metrô padece sem verba do VEM

05/07/17 -  Folha de Pernambuco

Recurso, que equivale a mais de 15% dos ganhos da CBTU, não tem sido repassado por empresas de ônibus e pelo Estado, que tem controle da bilhetagem

Por: Luiz Filipe Freire

Remando contra a crise, sistema vem adquirindo peças aos poucos para reequipar trens e reverter redução da frota

Remando contra a crise, sistema vem adquirindo peças aos poucos para reequipar trens e reverter redução da frota
Foto: Rafael Furtado

Com operação reduzida em 30% devido à necessidade de reposição de peças, como a Folha de Pernambuco mostrou há duas semanas, o metrô do Recife tem uma demanda a mais para contornar: os atrasos nos repasses da verba da bilhetagem eletrônica. Trata-se de um recurso a que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) tem direito pelos usuários do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) que chegam às plataformas pelas integrações com ônibus. A transferência, intermediada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT), está atrasada.

O acumulado já ultrapassa R$ 9 milhões. Pode parecer pouco, mas é um dinheiro que representa mais de 15% da receita do metrô e que faz falta num sistema que tem a tarifa congelada em R$ 1,60 há cinco anos e que é bancado quase que por completo por subsídios do Governo Federal.

A situação foi exposta num ofício que chegou ao conhecimento do Blog da Folha. No documento, a Coordenadoria Operacional de Arrecadação da CBTU diz que os valores deixaram de ser repassados à empresa a partir da segunda quinzena de fevereiro. 

Também estão em aberto as parcelas de março, abril, maio e junho, uma média de R$ 2,3 milhões por mês. Além desse montante, outros R$ 52 milhões ainda não foram quitados. São referentes aos repasses do VEM dos anos de 2013, 2014 e 2015. Só os pagamentos de 2016 foram feitos de forma regular.

“Em maio do ano passado, quando assumimos, encontramos o metrô numa degradação muito grande. Temos feito uma recuperação e qualquer recurso que deixa de entrar gera um impacto negativo”, diz o superintendente regional da CBTU, Leonardo Villar Beltrão. 

Ele explica que se o usuário entrar pela bilheteria do metrô, a CBTU fica com 100% da tarifa, mas se forem utilizados os validadores do VEM para fazer as integrações, a parte da verba que fica com o metrô depende do anel tarifário do ônibus.

No fim de 2015, a própria direção nacional da CBTU expôs a dívida do Estado com o sistema. Na época, disse que os atrasos, somados aos problemas financeiros da companhia, contribuíam para um cenário em que, num futuro próximo dali, não se poderia garantir o funcionamento dos trens em todos os dias da semana.

Em junho de 2016, o Ministério das Cidades anunciou um reforço de R$ 33 milhões no orçamento e deu novo fôlego ao modal. Desde lá, o desafio tem sido o setor de manutenção. Dezenas de trens não têm mais condições de operar, o que levou à redução da frota e ao aumento dos intervalos entre as viagens. “Fizemos licitações e as peças estão chegando. Já recebemos 20 motores, rodas para trens, dormentes. Estamos fazendo nossa parte”, afirma Villar.

Em nota, o GRCT informou que o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) é o responsável pelo repasse tarifário dos valores do VEM para a CBTU e que a entidade se comprometeu a apresentar um cronograma de pagamento ainda nesta semana.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Na crise, metrô do Recife reduz operação

21/06/2017 - Folha  de Pernambuco  

Número de trens e viagens caiu 30%, diz sindicato. Segundo a CBTU, problema é por falta de peças, que serão repostas

Por: Luiz Filipe Freire

Frota, que já teve 24 trens funcionando, agora tem menos de 15. Maior parte está nas garagens. Usuários reclamam de superlotação
Frota, que já teve 24 trens funcionando, agora tem menos de 15. Maior parte está nas garagens. Usuários reclamam de superlotação
Foto: Anderson Stevens

O metrô do Recife está demoran­­do mais e operando mais cheio. A afirmação é do Sindi­­­cato dos Metroviários (Sindmetro), que, nesta quarta-feira (21), às 18h, fará uma assembleia na Estação Central para dis­­cutir não só a campanha salarial da categoria e a possibilidade de greve, mas também a situação do sis­­tema, que transporta cerca de 350 mil passageiros por dia. 

Conforme a entidade, a redução no quantitati­­­vo de trens e viagens ultrapassa 30% em relação ao praticado até bem pouco tempo, nos primeiros me­­ses do ano. Com isso, só 35% da frota está atendendo aos usuários. A Companhia Brasileira de Trens Ur­­banos (CBTU) reconhece as mudanças e as atribui à falta de peças, que tem deixado várias composições sem funcionar.

A Linha Centro, com 19 estações e dois ramais - Jaboatão e Camaragi­­­be -, já contou com 15 trens e inter­­­valo de três mi­­nutos nos horários de pico. Mas, atualmente, segundo o Sindmetro, o quantitativo de trens caiu para até oito, e os intervalos subi­­­ram para dez minutos. Na Linha Sul (Ca­­jueiro Seco), com 12 estações, a situação é mais dramática: o total de trens caiu de oito para quatro, e a espera, que demorava até oito minutos, chega a 20.

Os passageiros confirmam as dificuldades. "Não tem mais hora pa­­­ra o trem vir cheio. Largo por volta das cinco, seis horas da tarde, e está superlotado. No sábado, largo pouco depois do meio-dia e também está", afirma o vendedor Guilherme Parízio. O motorista Jediael Figueira completa. "Na empresa em que trabalho, é comum o pessoal que usa metrô chegar atrasado. Os trens estão demorando mais", diz.

O metrô do Recife conta com um total de 40 trens, 25 deles da frota antiga, dos anos 80, e 15 com opera­­­ção iniciada em 2013. É normal que nem todos funcionem ao mesmo tempo por questões de escalas de trabalho dos maquinistas e necessidade de manutenção. O que cha­­ma atenção atualmente, contudo, é que há mais composições nas garagens do que operando. Só 14 das 40 estão atendendo aos passagei­­ros, número que, antes, era de 24 ou mais. "A operação foi reduzida nas últimas semanas, inclusive sem qualquer aviso aos usuários. É fru­­­to de um sucateamento que a CBTU vem passando", critica o presidente do Sindmetro-PE, Getúlio Basílio.

Em 2016, o sistema correu o risco de parar nos fins de semana por falta de recursos. A situação só foi amenizada em junho, quando o Ministério das Cidades anunciou um alívio de R$ 30 milhões para a CBTU Recife. Além disso, também houve a promessa de remanejar R$ 60 milhões em verbas do PAC pa­­ra ações emergenciais. 

Na época, a manutenção já era um problema. Sindicalistas denunciaram que peças de trens velhos eram usadas pa­­­ra manter os novos funcionando por­­­que não havia dinheiro para adquirir equipamentos de fábrica. 

Em nota, a CBTU informou que peças de reposição já foram contra­­­ta­­­das, estão em processo de fabrica­­­­­­ção e fornecimento e têm chegado de forma gradativa. A empresa ainda afirmou que alguns serviços “estão sendo executados, inclusive a retificação dos motores da frota antiga", e que essas providências "devem surtir efeito nos próximos meses", reduzindo o intervalo entre os trens. A CBTU disse que as ações integram um plano de recu­­­pe­­­­­­­ração do sistema, “que sofreu degradação por vários anos por fal­­­ta de recursos". Sobre os R$ 60 milhões, esclareceu que recursos do PAC são para investimentos e não po­­­­­­dem ser usados para custear o sistema.