domingo, 16 de setembro de 2012

Falta de trem trava o SEI

13/09/2012 - Jornal do Commercio - PE

A falta de sincronia entre os prazos dos governos de Pernambuco e federal para a execução de projetos de mobilidade tem comprometido a expansão do mais importante sistema de transporte da Região Metropolitana do Recife, responsável, inclusive, por dar visibilidade nacional ao Estado: o Sistema Estrutural Integrado (SEI). Dois grandes terminais de integração metrô-ônibus – Tancredo Neves e Cajueiro Seco – poderiam estar sendo utilizados por mais de 100 mil pessoas diariamente, mas estão fechados há pelo menos quatro meses, deteriorando-se, à espera da ampliação da capacidade operacional do metrô do Recife, que não tem trens suficientes para receber, com o mínimo de conforto, os novos passageiros. O mais grave é que, pela previsão da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU/Metrorec), isso só poderá acontecer em março de 2013, quando deverá entrar em operação o primeiro dos 15 trens prometidos para a Copa do Mundo de 2014. 

Os gestores do Grande Recife Consórcio de Transporte e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), mais uma vez, não quiseram dar entrevistas sobre o assunto. A comunicação foi feita apenas por meio de notas enviadas pelas respectivas assessorias de imprensa. A dúvida das pessoas que todos os dias passam pelos terminais prontos, mas fechados, é a mesma dos gestores. Não há prazos certos. Há apenas previsões de quando a inauguração poderá acontecer. O Metrorec, gestor do metrô do Recife, informou apenas que a primeira composição deverá ser entregue pelo fabricante até novembro e que, por questões técnicas, serão necessários quatro meses de testes antes de o trem entrar em operação. O metrô transporta hoje 260 mil passageiros por dia. Embora 85% da demanda esteja na Linha Centro e, não, na Linha Sul – onde estão instalados os TIs Cajueiro Seco e Tancredo Neves – o crescimento do ramal sul já é grande mesmo sem o reforço da integração. Chegou a 75% em um ano. 

E, com o início da operação dos dois terminais, a expectativa dos gestores é que pelo menos 50 mil dos 100 mil novos passageiros passem a usar o sistema metroviário. O SEI é hoje a principal força do transporte de passageiros do Grande Recife. Representa 40% dos deslocamentos, levando e trazendo 800 mil pessoas diariamente, de um total de 2 milhões que utilizam o serviço público. Existe há quase 30 anos, opera com 78 linhas e deveria ter 23 terminais em funcionamento, mas possui apenas 14. Destes, sete foram construídos nos anos 1990 e outros sete entre 2002 e 2012. As duas unidades que aguardam a inauguração deveriam estar em operação desde o ano passado. 

Há quatro meses tudo ficou pronto, arrumado. A finalização dos dois terminais é tão evidente que até as placas com a relação das linhas de ônibus que irão entrar em operação estão prontas - 32 no total. Já há bancos de madeira, banheiros e até escada rolante à espera dos usuários. Funcionários terceirizados pelo Grande Recife Consórcio de Transporte passam o dia nas unidades limpando o que já está limpo, conversando e guardando o patrimônio. “É lamentável passar aqui todos os dias, saber que poderíamos ter várias opções de transporte e ver tudo parado. Sem falar que ninguém diz nada. Alguns afirmam que a inauguração só acontecerá depois das eleições, outros que o metrô não tem capacidade para receber os passageiros. Enquanto isso a gente vai se virando sem as novas rotas dos ônibus”, reclama o motorista José Adailton da Silva, que mora em Cajueiro Seco, bem próximo do terminal que vive fechado. Juntos, os dois TIs custaram 17 milhões. O Grande Recife Consórcio de Transportes se limitou a informar que optou por fazer a inauguração dos terminais após a chegada dos novos trens do metrô para que a qualidade do serviço ofertado pela Linha Sul não seja afetada.

    

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